Autores
Breno Roberto Epifanio Rodrigues Netto
Resumo
A infecção por endoparasitas gastrointestinais representa um dos principais desafios à produção
de ovinos Santa Inês. O uso inadequado da vermifugação tem favorecido a seleção de parasitas
resistentes aos princípios ativos dos anti-helmínticos, além de ocasionar a contaminação
ambiental, evidenciando a necessidade de se buscar métodos alternativos de controle. O
objetivo deste estudo foi identificar variações no número de cópias (CNV) de segmentos do
DNA no genoma de ovino e realizar um estudo de associação genômica ampla (GWAS)
empregando marcadores de polimorfismo de nucleotídeo único (SNPs) para resistência a
parasitas gastrointestinais. O total de 586 amostras de DNA foram genotipadas usando o Ovine
SNP50 Genotyping BeadChip (Illumina, Inc.) e a identificação das CNVs foi realizada pelo
programa PennCNV (v.1.0.5). O ajuste do conteúdo guanina-citosina (GC) foi realizado para
reduzir a taxa de CNVs falso positivo, em regiões genômicas de 500kb antes e após o SNP. As
CNVs com mais de três SNPs, LRR<0,70, BAF<0,01 e GC wave <0,09 foram mantidas. As
CNVRs foram inferidas por meio da concatenação das CNVs individuais filtradas e detectadas
em mais de um animal e para maior precisão, as regiões com densidade baixa (recorrência <
0,1) e frequência alélica < 0,5 foram descartadas. O total de 573 animais foram classificados
em três grupos com base no valor genético estimado (EBV) para escore Famacha© (FAM),
volume globular (VG) e ovos por grama de fezes (OPG) com 106 resistentes, 217 resilientes e
250 suscetíveis. O total de 305 animais apresentam CNVs, 72 resistentes, 152 resilientes e 141
suscetíveis. O total de 98 CNVs que foram agrupadas em 93 CNVRs (53 de ganho e 40 de
perda) foram identificadas em ovinos resistentes, 225 CNVs agrupadas em 197 CNVRs (107
ganho e 90 perdas), 197 CNVs agrupados em 172 CNVRs (104 ganho e 68 perdas). Tais CNVRs
contêm 65, 177 e 437 genes codificados de proteínas em animais resistentes, resilientes e
suscetíveis, respectivamente. Foram identificados os genes ALOX12, ALOX15, ARRB2,
CADM4, CLDN10, COL1A1, FA2H, ITGAL, LOC101113251, MYL11, PLOD1, PPP1R9B,
PRKCB, SHC1 e SMAD2 em animais resilientes, e os genes AL3B1, ALDH16A1, AQP4, AQP8,
BAX, BCL2, BH4_2, CABP4, CDH23, FUT1, FUT2, GAS2L2, HIP1R, HPCAL4, HRC, KLK5,
KLK6, LOC101103862, LOC101103612, LOC101104114, LOC101105044, LOC101116570,
LOC101111922, PRKG1, RFFL, SLC8A2, SERPINB5, SERPINB7, SERPINB11, SERPINB12,
SPINK5, TCIRG1, TRAF4 e UNC5B em animais suscetíveis. A análise de enriquecimento
funcional revelou em animais resilientes 8 termos de ontologia gênica (GO), 5 vias metabólicas
(KEGG). Nos animais suscetíveis 14 termos de GO e 12 KEGG. No grupo de animais
resistentes, não foram revelados termos significativos, possivelmente devido ao pequeno
número de genes identificados. Genes significativos associados ao sistema imune e resposta
inflamatória foram identificados nos grupos resilientes e suscetíveis. Este estudo oferece
suporte para descobrir regiões genômicas relacionadas a resistência, resiliência e suscetibilidade
aos endoparasitas gastrointestinais, interagindo GWAS, CNV e CNVR e possibilitando a
identificação mais exata de regiões genômicas associadas às características estudadas. Os
resultados contribuem para o avanço dos programas de melhoramento genético em ovinos,
fornecendo bases para reduzir o uso de anti-helmínticos, aumentar a eficiência produtiva e
promover sistemas de criação mais sustentáveis.
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