Autores
Veridiana de Campos Castro
Resumo
A resistência aos nematódeos gastrintestinais (NGI) é uma característica de grande
importância na ovinocultura, pois infecções parasitárias reduzem a produtividade e
comprometem o bem-estar animal. O conhecimento sobre a genômica associada à
resistência auxilia na seleção de indivíduos mais adaptados, diminuindo a
dependência de anti-helmínticos e contribuindo para sistemas de produção mais
sustentáveis. Este estudo analisou corridas de homozigosidade (ROH) para investigar
a estrutura genômica de ovinos Santa Inês e identificar regiões potencialmente
associadas à resistência endoparasitária. Foram avaliados 638 animais genotipados
com o Ovine SNP50 BeadChip (Illumina), considerando fenótipos de resistência
obtidos por contagem de ovos por grama de fezes (OPG), volume globular (VG) e
coloração da conjuntiva ocular (CCO). As ROH foram identificadas no software PLINK
e caracterizadas quanto à frequência, distribuição e impacto na variabilidade genética.
A análise revelou predominância de segmentos de ROH pequenos e médios (2–8 Mb),
sugerindo histórico de seleção moderada. O cromossomo OAR2 apresentou o maior
número de ROH e o OAR25 apresentou a maior frações coberta por ROH, indicando
regiões possivelmente sob seleção positiva. Entre os genes mapeados, destacaram
se CAVIN2, KIAA2012 e PDIA4, com variantes missense exclusivas em animais
resistentes, indicando possível participação na resposta imune contra endoparasitas.
A análise de hotspots mostrou 112 SNPs compartilhados entre todos os grupos
(resistentes, resilientes e suscetíveis), sugerindo a presença de variantes comuns
relacionadas a mecanismos basais de defesa contra parasitas. Também foram
identificados SNPs exclusivos em cada grupo, os quais podem estar associados a
mecanismos específicos de resposta imune ou susceptibilidade. Os resultados
demonstram que a análise de ROH é uma ferramenta eficiente para identificar regiões
associadas à resistência aos NGI, oferecendo subsídios para programas de
melhoramento voltados a aumentar a produtividade, reduzir custos com
medicamentos e promover a sustentabilidade da produção ovina, com ganhos diretos
ao produtor.
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