Autores
Camila Parada Nogueira
Resumo
Com o presente trabalho objetivou-se caracterizar as variações espaciais e temporais da
emissão de CO2 do solo associada aos atributos químicos, físicos e microbiológicos em
áreas de sistemas integrados de produção agropecuária (SIPA) em comparação ao
monocultivo. A hipótese é que os SIPAs promovem melhorias nas condições
ecossistêmicas do solo, como temperatura e umidade, favorecendo a atividade dos
microrganismos, redução das emissões de CO2 e incremento da fertilidade do solo e de
sua estrutura física quando comparado ao solo em monocultivo. O delineamento
experimental foi estruturado em blocos incompletos ao acaso com três tratamentos, que
consistiram em sorgo forrageiro (Sorghum bicolor) cultivado em monocultura (SFM),
sorgo forrageiro consorciado com Panicum maximum (Syn. Megathyrsus maximus) cv.
Mombaça (SM), e sorgo forrageiro consorciado com P. maximum cv. BRS Zuri (SZ),
todos para produção de silagem. As avaliações da emissão de fluxo de CO2 do solo
(FCO2), temperatura (Ts) e umidade do solo (Us) foram realizadas simultaneamente em
20 pontos amostrais em cada área no período do inverno, durante julho a setembro de
2022 e as coletas foram repetidas no período do verão, de fevereiro a março de 2023.
Após o término das avaliações de CO2, durante a época de inverno e verão, foram
realizadas as amostragens de solo na profundidade de 0-10 cm com amostras deformadas
e indeformadas, para a determinação dos atributos químicos, físicos e microbiológicos. A
medida de resistência a penetração no solo foi realizada utilizando o equipamento
automatizado acoplado ao quadriciclo, nos mesmos 20 pontos onde foram realizadas as
avaliações de FCO2. No inverno, o solo sob tratamento SFM apresentou maior valor
médio de FCO2 (1,73 μmol m-2
s
-1
), com temperatura mais elevada (21,8ºC) e menor
umidade (1,17 vwc/sv). No que se refere à matéria orgânica do solo (MOS), o tratamento
SFM apresentou maior valor (47,60 g·dm⁻³), superando os tratamentos integrados, os
quais não apresentaram diferenças significativas entre si. O estoque de carbono também
foi superior no tratamento SFM (38,53 Mg C·ha⁻¹), embora sem diferença estatística em
relação ao tratamento SZ. Enquanto o tempo de meia vida (T ½) e a constante k de
decaimento do carbono no solo (d-1
), não diferiram entre os três tratamentos. No verão, o
tratamento SZ apresentou maior FCO2 (5,73 μmol m-2
s
-1
), em comparação aos demais
tratamentos, além de registrar a maior temperatura (24,74 ºC) e a menor umidade (1,61
vwc/sv) quando comparado ao tratamento de SM, porém não houve diferença estatística
com relação ao tratamento SFM. O solo sob tratamento SZ também apresentou maior
atividade enzimática da desidrogenase (10,63 µg TPF g⁻¹ solo 24 h⁻¹), urease (16,19 µg
NH₄⁺ g⁻¹ solo 2 h⁻¹) e betaglicosidase (62,83 mg PNF kg⁻¹ solo h
-1
), indicando maior
atividade microbiana quando comparado ao tratamento SM. Enquanto para o T ½, o
tratamento SZ apresentou menor valor (428,4 d) em relação ao tratamento SFM (603,9 d)
e não diferiu estatisticamente do tratamento SM, indicando que o T ½ nos tratamentos
integrados foi menor, uma vez que houve maior atividade microbiana e com isso maior
respiração e decomposição do C. Quanto à resistência à penetração, não foram observadas
variações significativas entre os tratamentos, tanto no inverno quanto no verão. No
entanto, os valores aumentaram com a profundidade do solo. A análise espacial indicou
uma correlação inversa entre a FCO2 e a resistência à penetração, sugerindo que solos
menos compactados favorecem maior atividade biológica e, consequentemente, maior
emissão de CO2. Mesmo em curto prazo, foi possível observar melhoria na fertilidade do
solo nos sistemas integrados. Apesar do aumento na densidade do solo para SZ e SM, as
variações sazonais foram pequenas e não indicam compactação, sugerindo que o pastejo
não afetou negativamente as áreas avaliadas
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